segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sobre o poder simbólico em Pierre Bourdieu



Bourdieu explica que Durkheim seguindo a tradição kantiana, mas negando sua cosmologia sustentada pelas categorias a priori, lança os fundamentos de uma sociologia das formas simbólicas, oferecendo uma base empírica para ordenação lógica do mundo. Partindo da análise de Durkheim, o autor procura mostrar que o poder simbólico manifesta-se por meio de sistemas simbólicos que, por sua vez, são estruturas estruturantes como a arte, a religião, a língua
Numa primeira síntese, Bourdieu afirma que os sistemas simbólicos, como instrumentos de conhecimento e de comunicação, constituem um poder estruturante porque são estruturados. Os símbolos, encadeados pelos sistemas simbólicos, têm como função preponderante a integração social. Eles conferem sentido ao mundo social, possibilitando, desse modo, o consensus acerca da ordem estabelecida. Sob essa perspectiva, numa segunda síntese, assinala que os sistemas simbólicos cumprem uma função política. O poder simbólico emerge como um poder capaz de impor significações, e as impõe como legítimas, contribuindo, dessa forma, com a dominação vigente.
O responsável pela produção dos sistemas simbólicos é o corpo de especialistas circunscrito ao seu campo específico. Tais especialistas estão à serviço da classe dominante e são , por excelência, os produtores da doxa, ou seja, àquilo que é aceito como opinião geral que, por seu turno, sustenta o poder estabelecido no âmbito de cada campo. O campo é o espaço onde as relações são objetivamente definidas através do modo como são distribuídas as diversas formas de capital. Os agentes, específicos de cada campo, são capacitados para as funções e os embates próprios deste campo. Intimamente relacionado ao conceito de campo, está o conceito de habitus que Bourdieu define como um conjunto de disposições, decorrente de um processo de interiorização da exterioridade e de exteriorização da interioridade, que leva os agentes a procederem de acordo com as possibilidades existentes dentro da estrutura do campo.
O poder simbólico, imperceptível e invisível, é uma forma transfigurada e legitimada das outras formas de poder. O que torna possível tal poder, conclui o autor, é a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem.